Autor: Francisco Bruno Fernandes do Carmo Data: 17/07/2018
UMA ANÁLISE BREVE DA PRÁTICA CLÍNICA E DAS EVIDÊNCIAS ATUAIS SOBRE A VISÃO FISIOTERAPÊUTICA EM RELAÇÃO ÀS CIRURGIAS DE COLUNA VERTEBRAL
Os índices de cirurgia na coluna vertebral estão diminuindo no Brasil, o tratamento conservador ganha cada vez mais espaço em casos onde o paciente possui problema de coluna. Outro fator que influenciou em partes a redução deste número, foi a procura dos próprios pacientes por informações de tratamentos que proporcionem melhor qualidade de vida. Estatisticamente sabemos que 80% a 90% das pessoas com dores nas costas e problemas na coluna melhoram com tratamento conservador em até 6 semanas. Para parcela de indivíduos em que essa melhora não ocorre, pode-se ainda tentar outro tratamento conservador na ausência de déficits neurológicos, infecções ou urgências. São nos casos recorrentes, com limitação funcional ou urgência neurológica, que o tratamento cirúrgico se impõe.
De acordo com um projeto do Hospital Beneficência portuguesa de São Paulo cerca de 60% dos episódios, o procedimento não é o mais conveniente para o paciente. “A estatística está alinhada com a de outros trabalhos semelhantes no Brasil e no mundo”. Em 2015, foram feitas 27 mil intervenções com implantes no Brasil, a um custo de 120 milhões de dólares. “Podemos estimar que 16 mil brasileiros foram operados sem necessidade, a um gasto de 70 milhões de dólares”.
Um dos problemas mais recorrentes que atormenta a vida das pessoas se chama hérnia de disco ou protrusão discal, umas das principais causas de cirurgias de coluna. A alteração tem maior incidência na região da coluna cervical e também na região de coluna lombar. A hérnia é causada por um extravasamento do núcleo pulposo da vértebra ocasionando uma compressão postéro lateral da raiz nervosa, o que leva há uma dor local, é também irradiada de acordo com o segmento afetado. De acordo com WC Jacobs et. al 2011, estudos demonstraram que a cirurgia precoce em pacientes com 6-12 semanas de dor radicular leva a um alívio mais rápido da dor quando comparado ao tratamento conservador prolongado, mas não ocorre diferenças após 1 e 2 anos. Outros estudos, mostraram ainda que entre a cirurgia e o tratamento conservador usual não ocorreram diferenças estatisticamente significativas em nenhum dos desfechos primários após 1 e 2 anos.
A Fisioterapia conta com uma série de intervenções terapêuticas para o tratamento conservador, técnicas como pilates e hidroginástica estão sendo bem indicadas pelos os médicos. Estudos baseados em evidência e prática clínica estão sendo produzidos para que os tratamentos sejam mais eficazes e para que os profissionais estejam mais preparados e capacitados à abordagem do paciente. Métodos como o Mackenzie, Maitland e Muligan e a Reeducação Postural Global (RPG) são técnicas que apresentam boa aceitação entre os pacientes, outra especialidade que possui resultados positivos é a Osteopatia. Muitas coisas novas como a educação em dor e a metodologia dos subgrupos vem surgindo como alternativas viáveis para o tratamento , basta haver um consenso entre os profissionais para que possam dirigir a melhor técnica de acordo com as características do paciente, realizando um trabalho multidisciplinar abordando de maneira global o paciente.
Refêrencias Bibliograficas:
Jacobs WC1, van HYPERLINK "https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=van%20Tulder%20M%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=20949289"Tulder HYPERLINK "https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=van%20Tulder%20M%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=20949289" M, Arts M, Rubinstein SM, van HYPERLINK "https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=van%20Middelkoop%20M%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=20949289"Middelkoop HYPERLINK "https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=van%20Middelkoop%20M%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=20949289" M, Ostelo R, Verhagen A, Koes B, Peul WC. Surgery versus conservative management of sciatica due to a lumbar herniated disc: a systematic review. Eur HYPERLINK "https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20949289" Spine J. 2011 Apr;20(4):513-22. doi: 10.1007/s00586-010-1603-7. Epub 2010 Oct 15
Texto: Francisco Bruno Fernandes do Carmo
Fisioterapeuta
CREFITO 4/ 239453F